Black Mirror mostra tecnologias que já existem na vida real

SuperGeeks News
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5 min readJan 10, 2017

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Fãs da série britânica Black Mirror, exibida no Netflix e que se tornou um sucesso mundial, podem pensar que as diferentes tecnologias que são mostradas nos episódios — cada qual mostra uma diferente — são projeções para o futuro, mas, na verdade, muitas delas já estão sendo desenvolvidas ou mesmo colocadas em prática.

Lentes de contato de realidade aumentada, abelhas robôs, chatbots, casas inteligentes, robôs semelhantes a humanos, todas essas tecnologias que conferem à série um tom de ficção científica na verdade foram inspiradas em tecnologias que, em poucos anos, poderão fazer parte de nosso cotidiano.

E não será a primeira vez que a vida imita a arte — e vice-versa. Muitos filmes de ficção científica que, há alguns anos, pareciam abordar um futuro muito distante, anteciparam tecnologias que já se tornaram viáveis e agora parecem muito próximos de nossa realidade. É o caso de “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick, que previu o turismo espacial muito antes de a Virgin Galactic começar a investir no setor, ou os painéis digitais e o cenário futurista e meio apocalíptico de “Blade Runner” (1982), de Ridley Scott. Ou ainda os óculos futuristas que Michael J. Fox usa em “De Volta para o Futuro”, que podem ser considerados precursores do Google Glass.

E para quem acha que Black Mirror, em sua busca por causar impacto dramático, aborda a tecnologia de modo sombrio e assustador, fique sabendo que Charlie Brooker, o roteirista e criador da série, afirmou que a tecnologia não lhe assusta, mesmo já tendo mostrado possíveis cenários desoladores ao longo das três temporadas. “A tecnologia não me assusta. Acho a tecnologia uma coisa incrível. Preocupo-me mais com coisas como guerra, intolerância e mudanças climáticas. Não me preocupo com coisas como se os jovens vão passar muito tempo olhando para os celulares. Preocupo-me muito mais com o estado do mundo. Porque se alguma coisa vai nos ajudar a resolver esses problemas, é a tecnologia”, afirmou Brooker.

A seguir, abordaremos algumas tecnologias que aparecem na série Black Mirror, sem querer bancar o spoiler daquilo que vem por aí na vida real!

  1. Olhos com câmeras

O episódio “The Entire Story of You”, da primeira temporada, mostra um mundo em que as pessoas têm um pequeno aparelho implantado atrás da orelha que grava tudo que elas fazem, veem e ouvem. A qualquer momento, elas podem assistir às suas próprias memórias armazenadas no mecanismo. Embora pareça futurista, já existem dispositivos que gravam imagens e transmitem diretamente para o nosso cérebro. O projeto Argus II, por exemplo, criou um dispositivo que faz com que pacientes que sofrem de retinite pigmentosa, uma rara condição genética na retina que compromete a visão, sejam capazes de enxergar. E a estimativa é que é apenas questão de tempo até que sejamos também capazes de fazer o download um reproduzir o que temos arquivado na memória.

2. Chatbot e androides idênticos a humanos

O episódio “Be Right Back”, da segunda temporada da série, traz uma mulher jovem, Martha, que fica viúva após o marido sofrer um acidente de carro. Para lidar com sua ausência, ela começa a conversar com o marido morto utilizando um chatbot — uma inteligência artificial que consegue conversar com as pessoas a partir de um banco de dados, e que vai aprendendo conforme a conversa vai avançando. Parece incrível, mas isso já é possível no mundo atual. Recentemente, uma engenheira russa chamada Eugenia Kuyda criou uma inteligência artificial chamada Luka, capaz de criar um banco de dados usando mensagens de chats e redes sociais, que lhe possibilita conversar com qualquer pessoa.

No episódio, o próximo passo de Martha foi comprar um androide idêntico ao marido morto. Pode parecer algo distante, mas já existem projetos que tentam produzir robôs humanoides, com capacidade de conversar, ter expressões faciais e até piscar e flertar com as pessoas. Projetada pela empresa Hanson Robotics, a androide chamada Sophia é capaz de imitar mais de 62 expressões faciais e conversar com as pessoas, graças à sua inteligência artificial. Ela possui uma pele artificial chamada Frubber, que é à base de silício, com 62 arquiteturas faciais e no pescoço. As câmeras nos olhos permitem que ela seja capaz de reconhecer rostos e manter contato visual. A Hanson Robotics acredita que, em um futuro próximo, os robôs serão capazes de desenvolver conexões emocionais com humanos.

3. Abelhas robôs

Parece incrível, mas não se trata de ficção. Já existem hoje abelhas robôs, semelhantes às que aparecem no episódio “Odiados pela Nação”, da 3ª temporada de Black Mirror. As abelhas estão realmente desaparecendo de nosso mundo, e cientistas das universidades de Harvard e Northeastern, nos EUA, criaram abelhas robôs capazes de imitar as características físicas, a forma de voar e o comportamento das abelhas.

As abelhinhas mecânicas, chamadas Robobees, de apenas três centímetros, incorporam os últimos avanços da microrrobótica para imitar as características físicas, a forma de voar e o comportamento dos insetos produtores de mel. Um dos grandes desafios enfrentados pelos cientistas foi garantir que as abelhas artificiais conseguissem controlar o voo de forma autônoma. Para resolver o problema, dois controles foram instalados sob as asas mecânicas, permitindo que cada dispositivo se autoprograme e realize manobras aéreas. Além disso, microssensores decodificam sinais ambientais e processadores habilitam os Robobees a tomarem decisões durante os movimentos.

O próximo passo do projeto é conseguir coordenar um grande número de abelhas-robôs, para que sejam capazes de polinizar flores, mas também de explorar ambientes perigosos (como zonas de desastre nuclear), realizar vigilância militar e mapeamentos climáticos e monitorar o tráfego. Portanto, só nos resta esperar que as abelhas mecânicas não se tornem também uma arma para matar as pessoas, como ocorre na série.

E quanto a você, gosta de Black Mirror? Acha que as tecnologias mostradas pela série logo estarão disponíveis em nosso cotidiano? Compartilhe suas ideias conosco!

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